segunda-feira, 22 de fevereiro de 2021

Dança da Lua

Orbito ao teu redor

Limitado pela gravidade

Distante do toque

Próximo do olhar



Ritmo incessante

Como uma valsa constante

Observo teu brilho



Entre a luz e eu

Você rodopia, centrada

Eu te sigo, no meu caminho

Cumprindo meu destino



Contraposto ao brilho,

Fadado à sombra

Existo pra você, belo

Mas você não vê



Não quer nem precisa

Não faz diferença

O que é importa é a dança

O espetáculo

O giro



O que importa é só você

 

sábado, 13 de fevereiro de 2021

31/32

A dor nas costas ao acordar pontua a situação em que se encontra. Durante o sono, imagina
va estar em outra cama, esperando o beijo na testa se despedindo para mais um dia de trabalho.

Estava imerso no sonho, revisitando de um passado recente que parecia ser ainda presente.

A cama quebrou com uma semana de uso. Sexo desmedido e descontrolado pra compensar a fúria do abandono o fez perceber que a pechincha não valeu a pena. Era pegar ou largar, diz sua consciência.


4 da manhã. Adianta o café e faz alguns exercícios. Morar sozinho o permite exercer o silêncio. Menos som emitido. Ouve mais. Observa muito mais. Medita em todo tempo possivel. Ou tenta.

Hoje não trabalha. Mas não quer mais trabalhar.

Sempre decidiu errado. Duvida de si a todo momento. Acredita ser sua sina. Não quer mais impeto. Pra errar com menos culpa? Pra fugir mais facilmente?

5:30

Vai metaforizar sua fuga. Corre. A sensaçao de movimentação constante do seu espirito (acredita piamente ser um cavalo preso no corpo de um homem) atreladas a essa fuga o fez esquecer de tudo.

Por alguns instantes. Até chorar sozinho no fim da tarde.

Olha pra subida. Respira Fundo. Sempre escuta suas musicas no modo aleatório. É a forma que mais gosta de "tirar a sorte".

Enquanto começa os passos, Jerry Cantrell entoa em seus ouvidos palavras que atingem em seu coração:

The boy hesitates, when grown he'll make the same mistakes

Sinais de Fumaça

 Acho que já faz um mês que desativei o Twitter.

O último bastião das grandes redes sociais na qual tinha conta e uso constante. Era um pensamento recorrente durante todo o ano de 2020. Apesar do fator gerador ter sido uma pessoa específica, a eclusão da conta ja estava fadada. Faltava o gatilho.

O papel dessas redes já vem sendo debatido ha muito tempo por especialistas e não pretendo entrar nessa dança. O fato é: cansei.

Desde a época do Orkut (quando se massificou essa interação), eu me senti mais preso à um mundo paralelo que não queria. Eu crio meus universos particulares desde sempre mas, esse caso era o oposto. Uma necessidade violenta de ter perfis como uma forma de comprovar sua existencia.

Para um menino imaginativo, sonhador mas também melancolico e depressivo, viver no mundo real já era dificil. Quando conseguia, escapava pro meu mundo. Os perfis sociais eram o oposto. Eram a expansão do real.

Relutei até onde deu. Na adolescencia, era como ter um documento que compravava que você existia. E, com o passar dos anos, isso só se comprovou.

Os benefícios existentes não se comparam à deterioração da saude mental que segue me acompanhando. Reitero que existem analises, estudos, documentarios e textos academicos que enfatizam isso de uma maneira mais abrangente e também detalhada. Aqui faço uma reflexão e dou uma explicação.

Não fiz mais amigos por lá. Ao contrário. Vivi relações superficiais com personagens, transposições de sonhos e desejos. Os amigos, de carne e osso, sumiram. Esvairam. Os determinantes eram as conexões via Facebook e Instagram.

Tentei me adequar. Sempre fui resistente à essas ondas. Como disse, ser uma persona na matrix não era difícil pra mim. Já criava meus mundos desde criança. Até tinha (tenho) escudos pra minha instropecção, como o humor autodepreciativo e o falatório. Sei fingir bem. 

Tudo isso para ser aceito - ou apenas não mais humilhado / sacaneado. Mas ser absorvido por isso, viver um mundo de fotos, scraps, autopromoção e felicidade irreal e constante eram demais pra mim. Não bastava viver isso na vida, tinha que ter mais um registro falso de vida.

Se você não tem perfil, você não existe. Era isso. Adapte-se ou morra,

Piorou

Existem milhares. A Teoria das Cordas online. Rede para amizade, namoro, sexo, pintura, briga.

Todo mundo se encaixando em uma prateleira. Formam-se "algortimos", bolhas atreladas a um monitoramento constante. 

Não há espaço pra solidão. E isso é enlouquecedor.

A primeira vez que abandonei as redes foi após um inicio de namoro. Em comum acordo, deletamos nossas contas para termos mais privacidade (ambos haviam se separado recentemente e fofocas se esplhavam como ervas daninhas) e compartilhamento mutuo de companheirismo. Uma vivencia a dois.

Com o tempo, em virtude das nossas vidas profissionais, retomamos nossos perfis. E isso me mostrou muitas coisas sobre quem eu não conhecia de fato. Qual a culpa das redes nisso? Apenas permitiram que não tivessemos a privacidade de discutirmos nossa vida.

Segredos expostos. Chantagens, Frases fora de contexto com montagens. Perfis disfarçados observando cada passo.

Adoecemos.

Sumi.

Voltei 2 anos depois. E parecia tudo bem. Me enganei por alguns meses.

Veio o gatilho. E resolvi deixar de vez.

Não quero ficar ligado em tudo. Sabendo tudo. Ouvindo tudo. E não vivendo.

Preciso cuidar do meu eu real que, com 36 anos, está sarando. 

Preciso cuidar dos meus pais, que estão envelhecendo.

Não quero ser vigiado por alguém que acompanhe meus passos, esperando meu tropeço.

E sei que não tem relevancia alguma pra esse mundo que saí. 150 contatos que tinha foram avisados da minha saida. 7 responderam com uma forma alternativa de contato - e-mail, telefone e até cartas, sem imediatismo - 3 ainda chamaram de bobagem. O resto? Não ligam. 

Não me abate. Já esperava até. Mas eu gosto de ter a confirmação

Estou alheio, mas observo de longe. Sem entrar. 

Hoje, a certeza que tenho na vida é que tudo tem um ciclo. E, no fim de cada um, eu sempre volto. A ficar só




domingo, 7 de fevereiro de 2021

Ilusão

 

O reflexo te fascina

Te prende à beira do rio

Minha voz continuar a ecoar ao teu redor

 

Um som baixo, agradável

As vibrações emitidas no ar balançam teu cabelo

Te fazem bem, te preenchem

Te nutrem

 

Um espelho perfeito

Imobiliza

Cada falha que procura é sublimada pela admiração

 

O vento traz umas gotículas

Orvalho talvez?

O som mesmerizante

Lindo, continuo e constante

 

É uma canção

Cuja voz fraqueja

As gotas se tornam chuva

Você se deleita

 

Um grito de desespero

A voz dissipa, a chuva passa, o vento para

Espelho muda, mostra a rachadura

Te revela

 

Teu alimento acabou, Narciso

Teu ego tem fome

E você está só

Sol em Câncer

Foram semanas torridas


Puro Impulso. Incontrolável.

Me deixei levar. Queimar.

Fogo que sutura e cura. 

Limpa.


Vou sucumbindo

Dragado pelo deleite

Tanto afago e carinho

que nem sei se a mim pertence


Tem horas que nem quero e renego

Resisto, e cedo

Satisfaz meu ego


Cada palavra é um curativo

Um sussuro no ouvido

como se amanssasse um cavalo ferido


E, em cada momento, 

sinto que existo

Lola no limite

"É a última, depois vou pra casa" Toda noite, esse pensamento permeia a mente de Lola. Sai do trabalho e vai pro bar. Essa é a man...